Sangue de Zeus - ou as consequências das ações de Zeus

 

Sangue de Zeus, by Netflix (2020)

Sangue de Zeus é uma série de animação da Netflix lançada em 2020. Ela se baseia na cultura grega antiga adicionando toques originais. Heron, nosso protagonista, não é nenhum herói conhecido da antiguidade grega – apesar das diversas semelhanças com o Hércules/Héracles clássico (como a força física e o fato de ser filho bastardo de Zeus).

Em Sangue de Zeus nossa história começa com a luta entre os deuses e os gigantes. O poderoso Zeus liderou os deuses para a vitória contra esse inimigo, aprisionou os gigantes e criou sua morada no Olimpo.

Entretanto, assim como na mitologia oficial, Zeus tem um sério problema em permanecer fiel à sua esposa, Hera. Seus relacionamentos ilegítimos levam a deusa do casamento (e do ciúme) a vigiar de perto o marido, buscando uma chance de provar a todos os deuses o comportamento de Zeus.

Um dos resultados desses relacionamentos ilegítimos é exatamente Heron, um plebeu que durante sua vida conheceu apenas sua mãe. Quando Hera finalmente descobre o paradeiro do filho bastardo, inicia seu plano de vingança. No Olimpo, os deuses se dividem, a maioria fica contra Zeus e sua frequente e vexaminosa infidelidade, e alguns poucos tomam o partido do deus dos raios.

Mas a vingança de Hera é mais violenta do que se pode imaginar. E para isso, ela lançará mão de demônios e tentará despertar um mal antigo.

 

Deuses (e) humanos

Em Sangue de Zeus somos apresentados a deuses com comportamentos bem humanos. Zeus, através de suas ações, é o grande responsável pelos eventos da trama (positivos e negativos). O restante dos deuses do Olimpo, apesar de seus superpoderes, também é mostrado com características humanas: intriga, desconfiança, dúvida, ódio, vingança.

Isso está de acordo com a cultura grega clássica. Os caprichos das divindades tinham grande influência no mundo humano, e se era importante agradar aos deuses, mais importante ainda era nunca desagradá-los.

Esses caprichos eram dos mais diversos, como quando Zeus viu o jovem Ganímedes e, encantado por sua beleza, se transformou em águia e o raptou para viver no Olimpo e servir vinho aos deuses. A beleza dos mortais podia causar encanto, mas também inveja. Se uma mulher humana fosse bonita demais e se vangloriasse disso, uma deusa num dia ruim poderia simplesmente sentir inveja e puni-la.

A animação é fiel a essa ideia e a humanidade paga caro pelas intrigas olimpianas. Heron, que descobre ser um semideus, precisa se adaptar a essa realidade “divina” enquanto desenvolve seu próprio poder.

 

Considerações finais – A culpa é de Zeus

O enredo de Sangue de Zeus é resultado direto das ações do deus. Se Zeus se controlasse e fosse fiel à esposa, nada disso teria acontecido. Entretanto, a vingança de Hera é exagerada. Afundada no ciúme e no ódio, seu plano põe em risco a existência dos próprios deuses.

Nosso protagonista Heron poderia ser melhor desenvolvido, a passagem de um simples plebeu para o semideus campeão da humanidade foi bem corrida (por culpa das ações de Zeus), o que faz com que ele pareça em alguns momentos como um personagem vazio.

O irmão humano de Heron, Seraphim, já é diferente. Tendo levado uma vida de diversas privações (por culpa das ações de Zeus), seus objetivos são bem claros. Mas ele acaba sendo uma marionete nas mãos de Hera e vira um de seus instrumentos de vingança. Na segunda temporada esperamos encontrar um maior desenvolvimento da relação entre os irmãos, e quem sabe uma redenção de Seraphim.

Sangue de Zeus é uma série curta e bem interessante. Apresenta um nível de violência grande e parecido com o de Castlevania, também da Netflix. Finalmente, a animação é bastante recomendada pra quem curte mitologia e fantasia no geral.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Porque sua arte é importante (e você deveria publicá-la)

  No curto tempo em que fui estudante de Artes Visuais uma questão sempre me preocupou: por quê os trabalhos que eu faria seriam de alguma f...